Quem mais ganha com a volta dos colaboradores aos escritórios?

Quatro anos depois da crise sanitária eclodir no Brasil, uma parcela dos trabalhadores ainda continuam no modelo home office, ainda que poucas vezes por semana. 

Contudo, a volta massiva e frequente aos escritórios permanece sendo defendida pelos gestores das empresas. Por diversas razões.

Segundo especialistas, dizer que a distância não faz diferença alguma, já que é possível fazer reuniões e conduzir projetos em equipe com uso da tecnologia, já não é um argumento tão aceito.

Quando se trata de aprender por meio da colaboração, a presença nas empresas faz diferença. Essa análise é de Hyejin Youn, professor associado de administração e organizações da Kellogg School.

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Estudo sugere aprendizado mais funcional com os funcionários perto

Matéria da Exame aponta que, ao analisar mais de 17 milhões de publicações científicas nos últimos 45 anos, Hyejin Youn e Frank van der Wouden, da Universidade de Hong Kong, descobriram algo interessante: que os pesquisadores cujos funcionários se encontravam no mesmo local tinham muito mais propensão de obter novos conhecimentos de seus colegas de trabalho do que dos que colaboraram a distância.

Estarem juntos fisicamente e poder ler a linguagem corporal, refletir sobre problemas em um quadro branco e se unir para usar equipamentos de laboratório especializados é bastante importante quando o conhecimento ainda não está codificado.

“Aprendemos pessoalmente uns com os outros mais do que pensamos”, diz Youn. “Esse aprendizado faz parte do nosso sucesso como seres humanos, especialmente quando se trata de conhecimento novo, ainda não definido. É preciso se estar presente para ver e aprender. E a colaboração no local é a forma de podemos fazer isso”.

Hyejin Youn ainda propõe uma reflexão: Por que, então, o conhecimento e a inovação ainda se concentram nas cidades urbanas? Por que as viagens de negócios ainda eram tão populares? 

Essas tendências parecem sugerir que a criação e a transferência de conhecimento podem se beneficiar do fato de trabalharmos juntos pessoalmente.

Youn e Van der Wouden, na época pós-doutorando da Kellogg, se uniram para estudar se e como a produção de conhecimento dependia da proximidade física.

A dupla analisou dados do Microsoft Academic Graph, que incluíam informações sobre milhões de publicações acadêmicas de autores cujas publicações datavam entre 1975 e 2018.

Resultados apontam a importância da proximidade física

Youn e van der Wouden descobriram que a colaboração local entre os docentes analisados diminuiu acentuadamente ao longo do tempo de 75% das colaborações em 1975 para 60% em 2015. Ao longo desse mesmo período, a distância geográfica média entre os funcionários dobrou para quase 2 mil quilômetros.

“Graças à tecnologia, agora colaboramos ainda mais em grandes distâncias”, disse Youn. Mas esse poder de acesso tem seu preço”. “Quanto maior a distância entre os funcionários, menor a probabilidade de aprenderem uns com os outros”, diz ela.

Na verdade, em todas as disciplinas acadêmicas, a taxa de aprendizagem foi maior para colaborações locais do que para colaborações de longa distância.

No entanto, a taxa não foi a mesma entre as disciplinas. Em campos como história e ciência política, a distância teve um impacto negativo, porém pequeno, na aprendizagem.

Entretanto, os pesquisadores em ciência e engenharia sofreram muito mais pela distância. Os geólogos, por exemplo, apresentaram uma grande taxa de aprendizado com as colaborações locais. E a distância geográfica prejudicou mais os cientistas em química, ciência dos materiais e engenharia. A taxa de aprendizagem deles foi muito menor em colaborações não locais, talvez porque esses campos dependam mais de instrumentos e equipamentos que exigem colaboração presencial.

E hoje, os acadêmicos têm ainda mais a ganhar com a colaboração local. A equipe calculou que o valor da aprendizagem por colaborar localmente aumentou de 50% em 1975 para 85% em 2015.

Notícia da Exame 

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